domingo, 9 de outubro de 2011

Especial Semana da Criança: novelas que marcaram a infância da gente


Programação infanto-juvenil, em forma de novelas ou seriados, existe desde o início da televisão. Naqueles primeiros anos, destacavam-se as adaptações de clássicos da literatura infantil. Só o Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, teve três versões para a TV entre as décadas de 50 e 60 (pela Tupi, Cultura e Bandeirantes). A primeira novela infantil a ter uma grande repercussão foi A Pequena Órfã, apresentada pela TV Excelsior entre 1968 e 1969, estrelada por Dionísio Azevedo e a menina Patrícia Aires (filha do ator Percy Aires).

A história da garotinha desprezada pela tia no orfanato, mas que encontra amor e carinho num velho bondoso, já serviu de inspiração para outras duas novelas posteriores: Sonho Meu (Globo, 1993), com Elias Gleizer e Carolina Pavanelli, e Prova de Amor (Record, 2005), com Rogério Fróes e Júlia Magessi. O sucesso d´A Pequena Órfã foi tanto que, na época, as outras emissoras passaram a apostar no filão "criança carente e/ou desprezada": Sozinho no Mundo (Tupi, 1968), Ricardinho, Sou Criança, Quero Viver (Bandeirantes, 1968), O Doce Mundo de Guida (Tupi, 1969), Tilim (Record, 1970), Pingo de Gente (Record, 1971).

Em 1969 chegava aos cinemas a versão do best-seller O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcellos. No ano seguinte, Ivani Ribeiro adaptou a mesma história para a Tupi, no formato telenovela, com Cláudio Corrêa e Castro e o menino Haroldo Botta no elenco. Haroldo Botta tornou-se um ator-mirim de sucesso nas novelas da Tupi da época, sempre requisitado. O Meu Pé de Laranja Lima teve um remake pela Bandeirantes em 1980 (com Dionísio Azevedo e o garoto Alexandre Raymundo) e uma nova adaptação, feita por Ana Maria Moretzsohn em 1999, também pela Band (com Gianfrancesco Guarnieri e Caio Romei).


Ivani Ribeiro escreveu outras novelas com apelo infantil. Camomila e Bem-Me-Quer (Tupi, 1972) contava a história do menino carente e adorável que conquista o coração de um velho rabugento e avarento (Haroldo Botta e Gianfrancesco Guarnieri na novela). Ivani recontou a mesma história na Globo, em 1984: Amor com Amor se Paga, com Oberdan Jr. e Ary Fontoura. A Barba Azul (Tupi, 1974) apresentava um grupo de crianças às voltas com o Clube dos Curumins. Esta novela gerou um remake na Globo, em 1985, A Gata Comeu, hoje cultuada pelos telespectadores que eram crianças na época.

A Barba Azul revelou outro ator-mirim que se destacou na Tupi nos anos 70: o ruivinho sardento Douglas Mazzola, que já havia atuado em O Meu Pé de Laranja Lima, e foi visto ainda, entre outras, em O Velho o Menino e o Burro e Éramos Seis. Em 1975, O Velho, o Menino e o Burro abriu uma nova faixa de novelas na Tupi, às 18 horas, dedicada à criançada. Seguiu com Papai Coração, uma adaptação de texto mexicano, estrelada pela então menina Narjara Turetta. Papai Coração contava a história de uma garotinha que conversava com o espírito da mãe falecida. Essa trama voltaria à TV brasileira em versões latinas apresentadas pelo SBT: Chispita e Luz Clarita.

Em 1977, Walter Negrão e Chico de Assis assinaram uma versão moderna para um clássico infantil: Cinderela 77 trazia os cantores Ronnie Von e Vanusa como o casal romântico desta novela que subvertia o folhetim e tinha total liberdade de criação. Vale destacar também outra adaptação de clássico infantil apresentada nos anos 70: O Príncipe e o Mendigo (Record, 1972), escrita por Marcos Rey a partir do famoso livro de Mark Twain, com os então adolescentes Kadu Moliterno e Nádia Lippi nos papéis centrais.

A Globo também embarcou nessa de atrações que chamassem a atenção da garotada. A novela O Primeiro Amor, de 1972, já lançava moda entre as crianças na abertura, com várias bicicletas Caloi se cruzando, num dos primeiros casos de merchandising em novelas. Os personagens Shazan e Xerife (Paulo José e Flávio Migliaccio) fizeram tanto sucesso que ganharam um seriado próprio: Shazan, Xerife e Cia. Outras novelas da época também tinham nas crianças o público alvo: Meu Pedacinho de Chão, A Patota e Bicho do Mato,  precursoras do horário das 18 horas para novelas na Globo. 

Nos anos 70, a Globo já vinha de uma parceria com a TV Educativa na produção do infantil Vila Sésamo. Em 1975, as duas emissoras lançaram uma versão de Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado, e, no ano seguinte, iniciaram a produção do Sítio do Picapau Amarelo, que se tornou a mais famosa das adaptações da obra de Monteiro Lobato - durou de 1977 a 1986 e marcou a infância de muita gente. A primeira Narizinho era a então menina Rosana Garcia, que já atuavam em novelas na Globo desde o início da década de 70. 

Nos anos 80, enquanto o Sítio era sucesso e a Globo produzia musicais para a criançada (Pirlimpimpim, Plunct-Plact-Zum e outros), algumas novelas se destacaram, como as já citadas Amor com Amor se Paga e A Gata Comeu. A Bandeirantes lançou em 1983 a novela infantil Braço de Ferro, que tinha em seu elenco infantil o então garotinho Selton Mello. Em 1989, a Globo levou ao ar Top Model, escrita por Antônio Calmon e Wálter Negrão, que virou febre entre a garotada, por conta de seu elenco pré-adolescente. Calmon voltaria a usar um elenco infantil e pré-adolescente, para conquistar crianças, em Vamp, em 1991, um sucesso na época. Uma nova história vampiresca do autor voltaria em 2002: O Beijo do Vampiro, de onde se destacou o então garoto Kayky Brito.

O SBT apresentou várias novelas infantis importadas, mas nenhuma causou tanto furor quanto a mexicana Carrossel, em 1991. A Professora Helena (Gabriela Rivero) e seus alunos marcaram a TV brasileira e as crianças da época. Entre 1997 e 2001, o SBT levou ao ar a novela infantil Chiquititas, criada por Cris Morena, em uma co-produção com a emissora argentina Telefé. Uma febre entre as crianças em seus primeiros anos, a novelinha foi gravada na Argentina e terminou em sua quarta fase no Brasil. Em seu elenco infantil, estavam Fernanda Souza, Débora Falabella, Carla Diaz, Bruno Gagliasso, Jonatas Faro, Stephany Brito, entre outras crianças. Em 2005 e 2006, a Band levou ao ar outra adaptação da argentina Cris Morena com apelo infantil: Floribella.


O novelista Wálter Negrão geralmente apresenta tramas com crianças em suas novelas. Em 1998, o clássico A Noviça Rebelde foi uma das inspirações para Era Uma Vez: um viúvo se apaixonava pela governanta que cuidava de sua prole. No elenco infantil, Luiza Curvo, Alexandre Lemos, Alessandra Aguiar e Pedro Agum. Entre 2001 e 2007, a Globo reeditou o Sítio do Picapau Amarelo, com destaque para a primeira Emília interpretada por uma criança: Isabelle Drumond.

Alguns atores que cresceram na TV diante de nossos olhos: as irmãs Rosana e Isabela Garcia, Glória Pires, Fábio Mássimo, Haroldo Botta, Douglas Mazzola, Narjara Turetta, Monique Cury, Isabela Bicalho, Oberdan Júnior, Matheus Carrieri, os irmãos Danton e Selton Mello, Jonas Torres, Caio Junqueira, Jonathan Nogueira, João Rebello, Natália Lage, Déborah Secco, Fernanda Rodrigues, Tatianne Fontinhas Goulart, Eduardo Caldas, Patrick de Oliveira, Caio Blat, Wagner Santisteban, Cecília Dassi, Fernanda Souza, os irmãos Stephany e Kayky Brito, Isabelle Drumond, Bruna Marquezine, Carolina Oliveira, Marina Ruy Barbosa, e outros. 

8 comentários:

  1. De tudo que foi citado, o que mais me remete à infância é a versão 1977 do Sítio do Picapau Amarelo. Lembranças incríveis de Emília, Pedrinho, Narizinho, Dona Benta. O episódio que mais me marcou foi o do Minotauro. Adorava brincar de labirinto na garagem do prédio, entre as colunas haha. Não posso esquecer a Cuca, que eu adorava!

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  2. De todas citadas,a que mais me marcou foi Floribella. Talvez por quê era novinho na epóca. Bons tempos em que as emissoras investiam no público infantil.

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  3. Tudo bem Nilson? Das tramas citadas, curti mais Chiquititas, (onde conheci o talentoso Bruno Gagliasso)e Era uma vez. Mas também um pouco de Carrossel e espero que essa versão do SBT traga de volta toda aquela magia voltada às crianças.

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  4. Ummmm
    Texto oportuno! Esse Nilson não da uma fora!
    As novelas que marcaram minha infância foram Vamp e Carrossel.
    Vamp foi a primeira novela que vi, a grande responsável por essa minha paixão pela teledramaturgia. Carrossel me fez chorar muito! hahahahha
    Bons tempos!

    Fábio
    www.ocabidefala.com

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  5. A que eu mais lembro é CARROSSEL, e que mais gostei tb. Me lembra tanta coisa...

    @juniorr_freitas

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  6. Muito bom o post. Só uma observação. Na novela A Barba-Azul, o clubinho infantil não se chamava "Clube dos Curumins" (esse termo foi adotado no remake da Globo). Na novela da Tupi, eles se chamavam "Os Cebolinhas"

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  7. O remake da novela Papai coração, não foi Chispita e nem Liz Clarita. Foi Carinha de Anjo com a Daniela Aedo como a Dulce Maria. E Foi um suscesso no SBT.

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