Gostei do último capítulo! Gostei da revelação de Wanda como a assassina, com uma explicação simples e coerente, nada mirabolante. Gostei de Norma - apesar de assassinada na última semana - ter deixado a Jandira a incumbência de concluir sua vingança contra Léo, em uma cena muito boa. Gostei do fim de Paula, prestando serviço comunitário. Gostei do fim de Eunice, tendo que trabalhar mas sem perder seu ranço de loucura.
Não gostei de Mart´nália cantando o tema de abertura no show final. Não gostei do casamento de Carol e Raul - claro, por não gostar dos personagens! Não gostei dos autores insistirem em meter goela abaixo do telespectador que Lázaro Ramos é um macho alfa irresistível para qualquer mulher - mesmo com uma bola de plástico! Enfim, colocando tudo na balança, os pós e os contras, gostei do último capítulo.
E colocando a novela toda na balança, a conclusão é a mesma. É lógico que Insensato Coração teve muitos pontos negativos, que não a classificam como uma "grande novela", daquelas que entram para a história da Teledramaturgia. A começar, o mais grave de todos e imperdoável: o fato dos autores terem iniciado a novela pra valer lá pelo centésimo capítulo. Digo isto porque antes eu mal conseguia assistir, de tão chata que achava! Depois que Dona Norma sai da prisão e inicia seu plano de vingança é que a novela começa. E Insensato levou 100 capítulos para isso acontecer - não dá pra perdoar!
Assim como não dá pra perdoar os mais chatos casais românticos da história: Marina e Pedro, Carol e Raul, Carol e André. Este último com o agravante de ser um personagem antipático para o público - mesmo os autores terem criado um pai maldito para ele, mesmo ele ter tido um filho, o que lhe amoleceu o coração, mesmo ele ter tido um problema de saúde grave, mesmo sua música-tema ter sido "Super Homem, a Canção". Nada disso diminuiu a antipatia pelo personagem. E além dos cem primeiros capítulos, a novela ainda amargou umas fases em que nada acontecia. E nós ficamos revoltados com Norma - apesar de todo seu discurso de vingança - cair de quatro por Léo novamente agora na reta final, o que mostrou uma incoerência da personagem.
Além de Léo e Norma - uma das melhores personagens de Glória Pires -, os destaques foram muitos. Eunice e Ismael, em um casal muito bem bolado. O banqueiro arrogante Cortez de Herson Capri - também, em um de seus melhores personagens em TV. Cristiana Oliveira, perfeita como a presidiária Araci, em uma caracterização impressionante. Cristina Galvão, no auge de sua popularidade pela Jandira e pelas reprises de Vale Tudo e Roque Santeiro no Viva. Thiago Martins, que provou ter amadurecido muito como ator, como o pit-boy Vinícius. E Tia Neném (Ana Lúcia Torre), claro! Tem como não amar a personagem que tantas vezes lavou a alma do telespectador com suas atitudes pra lá de politicamente incorretas!
Também destaco toda a discussão sobre a problemática gay, através do romance de Hugo e Eduardo, fazendo a novela avançar bastante no tema dentro de nossa teledramaturgia. E me pergunto: beijo pra quê? Depois de tudo que a novela discutiu! E olha que tinha mais, já que a Globo censurou algumas cenas.
Mas enfim, Insensato Coração está longe de ser a melhor novela de Gilberto, mas fui testemunha de que fez o Brasil ficar ligado em capítulos-chave, como o da morte de Teodoro, da morte de Araci, da morte de Irene, da morte de Gilvan, do primeiro ataque de Pedro a Léo quando este recebia uma homenagem, do casamento de Pedro e Marina em que Norma leva Léo como seu chofer, do assassinato de Norma, e do gran finale.
E ainda: Insensato Coração "estancou" a crescente queda de audiência que as novelas do horário vinham sofrendo desde Senhora do Destino, em 2005. Isso não é pouca coisa! Resumindo: - como muitos já a chamavam - este foi um Insensato Novelão!
a novela no site: Insensato Coração